Poeta, escritor, editor e educador, foi um pioneiro do marxismo venezuelano, tendo participado da organização do primeiro Partido Comunista de Cuba e fundado o coletivo Carpa Roja, precursor dos núcleos comunistas que deram origem ao Partido Comunista de Venezuela
Por Yuri Martins-Fontes, José Fernando Siqueira da Silva e Freddy Giovanni Esquivel Corella
Pío Tamayo Rodríguez, José (venezuelano; El Tocuyo/Venezuela, 1898 – Barquisimeto/Venezuela, 1935).
1 – Vida e práxis política
José Pío Tamayo Rodríguez nasceu em 5 de abril de 1898 em El Tocuyo, no Sudoeste do Estado de Lara – região agrícola e pecuária. Filho de José Antonio Tamayo Pérez e de Sofía Rodríguez, mais velho de onze irmãos, foi alfabetizado por sua tia, a professora Juana Francisca Rodríguez. Influenciado por sua mãe, teve desde cedo contato com a literatura, o que lhe despertou a possibilidade de uma vida menos restrita do que aquela que lhe reservava os negócios familiares no comércio e produção rural.
Em sua cidade natal, seguiu os estudos no Liceo Bolívar e no colégio La Concordia. Com 12 anos de idade, quando costumava escapar das aulas para ler em biblioteca da vizinhança, publicou seu primeiro texto.
Na adolescência, com o pseudônimo de “Júpiter” (inspirado nas iniciais de seu nome – J. P. T. R.), editou os periódicos El Juvenil, Saltos y Brincos e Ayacucho, que circularam no estado de Lara. Em 1912 se transferiu ao colégio La Salle, de Barquisimeto. À época, já realizava atividades de tipografia com seus irmãos Juan e Joaquín Falcón.
Em 1913, ao lado dos companheiros Roberto Montesino e Hedilio Lozada, fundou a gráfica Gil-Blas, em Barquisimeto. Colaborou também com o jornal tocuyano El Cosmopolita, em que escrevia sobre poesia e crítica política, além de ter sido redator de El Ideal, impresso pela tipografia La Torcaz.
Em meados dos anos 1910, por motivo do falecimento de seu pai, teve de regressar a El Tocuyo para cuidar dos negócios da fazenda da família – período em que tentou fomentar uma cooperativa camponesa no local. Primogênito de uma família proprietária de terras e orientado desde logo a esta atividade pelo pai, foi na literatura que Pío encontrou um espaço para ampliar seus horizontes para além das atividades econômicas realizadas no campo e no comércio. Então, passou a desenvolver uma ativa participação nas atividades sociais e centros literários tanto de sua cidade como de Barquisimeto – colaborando com publicações como Don Quijote (1914), Minerva (1914-1915) e Ensueños (1915).
Por estes tempos a I Guerra Mundial foi deflagrada. Ansioso por notícias do conflito, Pío Tamayo se juntou com seus companheiros de militância político-literária – entre outros, Alcides e Hedilio Losada, Ernesto Nordhoff, Rafael Elías Rodríguez, Agustín Gil Gil, Roberto Montesinos e Jesús García – para formar o círculo literário El Tonel de Diógenes. Neste espaço de leitura e diálogo, os jovens articulariam discussões literárias, debates políticos e estudos filosóficos, além de criarem a revista de literatura Renacimiento, que teve breve duração. As reuniões desse grupo marcaram o começo de uma fase em que Pío passou a ser malvisto pelo governo de Juan Vicente Gómez – ditador que dirigiu o país entre 1908 e 1935. Apesar disso, sendo membro de renomada família produtora de açúcar, de início Pío não sofreu maiores retaliações.
Em 1917, escreveu os poemas “El poema del cosmos”, em que abordou as condições preocupantes do mundo; e “Las canciones del sexo”, no qual, por meio de imagens sensuais, “cantou” a vida, reconhecendo o “ruído bestial” da história. No período, contribuiu com vários periódicos – com destaque para El Cosmopolita, El Diário e El Tocuyo –, tratando de temas como o fim da I Guerra (1918) e o impacto da epidemia de gripe espanhola (assumindo inclusive tarefas na Cruz Vermelha).
No início de 1922, finalizou e começou a divulgar entre conhecidos sua primeira novela, El dolor de los granujas [A dor dos pilantras], na qual expunha a condição miserável dos camponeses. A obra – que só seria publicada por uma editora em 1998 – ganhou boa repercussão, motivo pelo qual as ações de Pío Tamayo passaram a ser identificadas como “subversivas” e “comunistas”.
Ante a situação de risco, em julho de 1922 partiu para Porto Rico, sob o argumento de que iria estudar “técnicas de cultivo” e se especializar no negócio do açúcar. Não obstante, fora do território venezuelano, ele se dedicaria especialmente ao que de fato desejava: o trabalho literário e o contato com os exilados políticos venezuelanos.
Vivendo em Porto Rico – hospedado na propriedade do venezuelano Rafael W. Camejo, negociante do ramo açucareiro –, dirigiu a revista Gráficas e Bohemia. Aí, lidou simultaneamente com duas atividades díspares: sua formação profissional técnico-agrícola, e sua contribuição político-jornalística e literária. O conflito entre ambos os trabalhos foi manifestado por Pío em diversas cartas do período.
Após nove meses em Porto Rico, em maio de 1923, prosseguiu viagem, dirigindo-se aos Estados Unidos. Passou cinco meses em Nova Iorque, tendo trabalhado em uma gráfica e como redator no jornal Prensa Latina, além de ter conhecido exilados políticos venezuelanos.
Em outubro de 1923, Pío Tamayo seguiu para Cuba. Este foi um momento denso de sua viagem, em que ele se familiarizou com as teses marxistas e se envolveu com o movimento comunista internacional. Estabelecendo-se em Havana, onde viveu por sete meses, travou relação com os revolucionários que no ano seguinte criariam a Liga Anti-Imperialista das Américas (LADLA), vinculada à Internacional Comunista (IC). Envolveu-se também com os debates e organização do coletivo que, em 1925, fundaria o primeiro Partido Comunista de Cuba (PCC) – tornando-se camarada de marxistas como Julio Antonio Mella. E contribuiu com a formação política de seus compatriotas, opositores da ditadura gomecista, além de se articular com outros exilados latino-americanos e colaborar com as revistas Venezuela Libre (dirigida pelo advogado e jornalista Francisco Laguado Jaime)e Universitaria (da qual participava Alejo Carpentier).
Em maio de 1924, deslocou-se de Cuba à cidade caribenha de Barranquilla, na Colômbia, onde morou por dois meses. Seu objetivo foi o de se encontrar com o general venezuelano Emilio Arévalo Cedeño – que planejava uma expedição à Venezuela para desenvolver ações guerrilheiras. Aí, contribuiu com a fundação da Unión Obrera Venezolana (UOV), organização revolucionária de inspiração marxista.
Continuando viagem, em setembro de 1925 chegou ao Panamá, onde passaria três meses, tendo participado como delegado do Congreso de Estudiantes Bolivarianos. Na ocasião, conheceu delegados da Federación de Estudiantes do Peru, com quem estabeleceu relação de amizade e companheirismo: Nicolás Terreros López, Víctor Recoba, Esteban Pavlevich e Luis F. Bustamante (os dois últimos companheiros e divulgadores das ideias do líder comunista José Carlos Mariátegui). Já mais estabilizado economicamente, ajudou a organizar uma greve de inquilinos – ação que entretanto levaria a sua detenção e expulsão do país, juntamente com outros dirigentes estrangeiros que atuaram na mobilização.
Por este tempo, Pío já era reconhecido como um internacionalista – sendo considerado um revolucionário, agente do comunismo internacional –, fato que dificultava sua fixação nos países por onde passava. Ainda em 1925, chegou à Guatemala, onde tentou permanecer algum tempo; porém, logo de algumas semanas foi novamente expulso – pelo governo do presidente José María Orellana (conservador pró-estadunidense).
Após breves estadias em El Salvador, onde residiu por um mês, e Nicarágua, onde passou alguns dias, Pío Tamayo chegou à Costa Rica em dezembro de 1925. Em São José, estabeleceu-se por cerca de oito meses, colaborando com os periódicos Avispas e Nueva Prensa, além de editar o dominical Siluetas, em que publicou poemas (revista que lhe geraria prejuízos, causados por um sócio). Neste período de intensa atividade, entre diversas cartas, escreveu uma destinada à Federación de Estudiantes de Havana na qual expunha seu compromisso com o movimento de libertação cubano e das Américas.
Em 6 de janeiro de 1926, Luis Bustamante lhe enviou correspondência afirmando a necessidade de que retornasse a Venezuela, “a fim de conhecer a exata situação do país e as possibilidades de progresso do movimento revolucionário” – informações que seriam a base para que conseguissem o apoio da IC. Pouco depois, em 23 de janeiro, Pío recebeu carta de Salvador de la Plaza – líder venezuelano exilado em Cuba, que operava ao lado de Julio A. Mella nos chamados Centros Revolucionarios –, comunicando sua designação como “comissário secreto” do Núcleo Defensor Interno, que deveria preparar a insurgência na Venezuela.
Durante essa parte final de sua etapa andarilha, entre 1925 e o começo de 1926, Pío Tamayo compôs uma coleção de versos dedicados, entre outros, a seus amigos poetas Alcides Losada, Roberto Montesinos, Isabel Jiménez Arráiz e Andrés Eloy Blanco, intitulada Canciones de 30 Amaneceres: y un balance de versos para un día 31 – poemas que marcaram o início da série Amaneceres, continuada nos anos seguintes.
Finalmente, em outubro de 1926, favorecido por uma anistia, Pío Tamayo pôde regressar a seu país. Após um rico período de viagens, atividades políticas e aprofundamento de ideias revolucionárias, o militante venezuelano, agora decididamente comunista, retornava a sua nação com a convicção de que era preciso levar a cabo a luta pela queda da ditadura de Gómez. Para tanto, entendia necessário estimular a formação de estudantes no processo de resistência popular.
Após estadia em sua cidade natal, El Tocuyo, mudou-se em 1927 para Caracas, com a missão de formar um núcleo de apoio revolucionário por meio do qual se pudesse construir as primeiras células para a fundação de um Partido Comunista. Na capital, passou a contribuir com a revista Elite e com o jornal Mundial, enquanto tentava organizar trabalhadores e estudantes.
Em janeiro de 1928, publicou a novela Charles Lindbergh llegó a Venezuela, cuja tiragem logo se esgotou. Em seguida, foi convidado para participar da organização da Semana del estudiante, engajando-se no evento. Dando continuidade a sua série Amaneceres, escreveu um poema que se dirigia aos jovens: “Amanecer del estudiante” (1928), no qual retratou temas como amor, coragem, luta e revolução, abordando a realidade das cidades modernas – entre fábricas, multidões e manifestações. Nos versos ele clamava pela abertura política do país e retorno dos exilados; exigia pão, trabalho e progresso para o povo, com referências diretas às revoluções mexicana e russa, bem como ao movimento de vanguarda na Europa e na União Soviética.
No mês seguinte, durante o ato inaugural da Semana – no Teatro Municipal de Caracas –, Pío declamou seu poema que se tornaria um dos mais conhecidos: “Homenaje y demanda del indio”. Este texto de forte teor crítico foi a justificativa na qual se apoiou o ditador Gómez para acusá-lo de “conspirador” – alegação para, ainda em fevereiro, ordenar sua prisão, junto com mais de 200 jovens estudantes que participaram da jornada. Na sequência da detenção, Pío Tamayo foi enviado ao cárcere do castelo de Puerto Cabello (estado de Carabobo) – onde permaneceria em um calabouço, abaixo do nível do mar, por quase sete anos. A propaganda comunista foi proibida em todo território venezuelano, passando a ser considerado “traidor da pátria” quem descumprisse esta lei.
Mesmo preso, Pío prosseguiu com sua atividade revolucionária, fundando em 1929 um espaço de formação comunista chamado Carpa Roja [Tenda Vermelha], ao lado de companheiros presos. Como base para estruturar esse processo de estudos políticos, ele contou com o conhecimento que acumulara durante sua peregrinação pelas Américas – provenientes em grande medida dos diálogos estabelecidos com os fundadores do PCC em Havana, além daqueles travados com revolucionários nicaraguenses e peruanos. No âmbito deste grupo de formação, Pío ofereceu a seus colegas de presídio cursos, que ministrava diariamente, sobre temas de História, Economia Política, Teoria do Estado; e deu conferências, nas quais tratou das ideias com que teve contato em suas andanças, tais como os fundamentos do marxismo e leninismo. Entre seus companheiros e discípulos estavam os estudantes Rodolfo Quintero, Miguel Acosta Saignes, Juan Bautista Fuenmayor, Kotepa Delgado e Ángel Márquez – os quais, obtendo a liberdade em 1929, criaram os primeiros núcleos clandestinos comunistas do país e, pouco depois, fundaram o Partido Comunista de Venezuela (PCV), em 1931.
Durante esse período de intensa agitação social, muitos dos jovens encarcerados foram libertados e enviados ao exílio. Pío Tamayo, contudo, foi mantido preso. Seus longos anos de detenção acabaram por lhe render uma grave degradação física e uma sinusite crônica, males que contribuíram para que contraísse uma infecção pulmonar.
Já em condições de saúde precárias, foi posto em liberdade em dezembro de 1934. Mas não suportou a doença, e faleceu pouco depois, em outubro de 1935, aos 37 anos de idade.
Décadas depois, seu trabalho de formação política das bases partidárias do PCV seria reconhecido pelo partido, que em 1978 lhe outorgaria o título de militante de honra.
2 – Contribuições ao marxismo
A articulação entre a atividade de poeta, escritor, pensador e militante socialista, intensificada a partir da década de 1920, caracteriza a contribuição de José Pío Tamayo à tradição marxista latino-americana.
Oriundo de família de comerciantes, atividade a que também se dedicou, a trajetória de vida de Pío Tamayo foi impactada por uma série de eventos históricos, como a Revolução Mexicana (1910-1920), a I Guerra (1914-1918), a vitória da Revolução Bolchevique (1917), a grande crise capitalista de 1929 e a ascensão do nazifascismo no início dos anos 1930. Foi também marcada pela própria conjuntura política da Venezuela, então sob a ditadura do general Gómez; e pelo contexto latino-americano como um todo (de extrema exploração, dependência e sujeito ao imperialismo).
Seu aprofundamento nos caminhos da literatura teve impulso em meados dos anos 1910 com a formação do círculo literário El Tonel de Diógenes. Foram tempos de imersão em um ambiente cultural fervilhante – suscitado especialmente pelas revoluções no México e na Rússia –, no qual se gestaram debates sobre os acontecimentos que transformavam o mundo. Em seu grupo se discutia literatura, filosofia e história, lendo-se autores como: León Tolstói, Jean Jaurés, Ferrer Guardia, Anatole France, Gui de Maupassant, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Charles Darwin, Henri Barbusse e Gabriel Miró. Em 1917, muitas noites do coletivo foram dedicadas ao debate sobre a Revolução Mexicana e, posteriormente, às poucas e confusas informações que lhe chegavam sobre a Revolução Russa – em um momento no qual Alexander Kerenski foi a referência do grupo, enquanto Lênin lhes era ainda um mistério.
Nesse complexo cenário internacional, a formação de Pío Tamayo se consolidaria à medida que ele foi se apropriando da realidade da América Latina, passando a refletir acerca da possibilidade histórica da revolução em nações da periferia do capitalismo (fortemente submetidas ao imperialismo). Após deixar a Venezuela para percorrer a América (entre 1922 e 1926), sua aproximação e compreensão das concepções do marxismo da época foi paulatinamente ganhando consistência. Durante essa densa experiência, pôde se relacionar e conhecer as ideias de coletivos e lideranças socialistas – direta ou indiretamente vinculadas ao marxismo –, comprometidas em pensar transformações para as nações da América.
Ponto alto desse percurso foi sua experiência cubana – ocasião em que travou contato e participou das discussões do grupo que organizava a criação do primeiro Partido Comunista de Cuba. A importância deste momento se verifica em suas reflexões acerca da realidade dos povos latino-americanos, em escritos que expõem uma ideia central: a de que um revolucionário deve agir como um professor-pedagogo – alguém que luta e que orienta o trabalho de formação crítica, sobretudo dos jovens.
Merece também destaque sua estadia no Panamá, onde conheceu dirigentes socialistas peruanos próximos a Mariátegui. Com eles, deu-se conta de que a insurreição armada “por si só” não teria sentido se não fizesse parte de um programa revolucionário que incluísse a participação massiva dos trabalhadores: “esta e não outra classe é a que deve dirigir a revolução” – afirma Pío Tamayo, em uma época na qual levantes voluntaristas eram frequentes na Venezuela.
No exílio, mediante diálogo com quadros centrais do marxismo latino-americano, intensificaram-se suas posições revolucionárias e internacionalistas, seu compromisso com sua terra, sua gente e o proletariado internacional. Ao regressar a seu país, foi encarcerado por um longo período. Dedicou-se então à tarefa de educador, passando a transmitir a seus companheiros de prisão a experiência prática e os fundamentos teóricos que apreendera. Celeiro de militantes históricos, o coletivo comunista Carpa Roja, criado por Pío em 1929, é considerado um dos pilares da fundação do PCV (levada a cabo dois anos depois). E ainda que não tenha vivido o suficiente para vir a ser membro do partido, seu trabalho de base nesta construção foi emblemático, tendo sido reconhecido como militante de honra.
Articulando a literatura e a política, o pensamento marxista e a poesia revolucionária, Pío Tamayo não chegou a desenvolver uma obra sistemática. De modo geral, seu pensamento seguiu a tradição insurgente americana do marxismo – no caminho de comunistas revolucionários como Julio Mella e J. C. Mariátegui.
No tocante à questão nacional latino-americana, um dos aspectos centrais tratados pelo marxista venezuelano é o tema das condições sócio-históricas de exploração dos camponeses, com atenção às populações indígenas. Este assunto passa pela pilhagem colonial, pela “oligarquia europeizada” e pelas configurações latifundiárias que se desenvolveram na região, na qual se implantou o extrativismo e um processo de aniquilação das heranças culturais milenares. Vale observar que Marx, na Crítica da economia política, já denunciava o extermínio a que foram submetidas as populações americanas na raiz da acumulação originária, diante da erosão do modo de produção feudal europeu. A compreensão de Pío é a de que a luta de classes, para abolir a lógica capitalista, deve enfrentar as forças monopolistas do imperialismo.
Em seu ensaio-correspondência intitulado “Carta a un amigo mío” (1930), Pío define quatro classes sociais venezuelanas: a “oligarquia goda”, que empenhada em salvar “seus privilégios herdados” recorre ao “caudilho militar”; a “casta militar”, sustentada por “intelectuais demagogos”, na qual se selecionam os caudilhos donos do poder; os “produtores independentes, aristocratas e classe média endinheirada”, aliados dos militares, que sem se envolver diretamente com a política, aproveitam-se da “ordem das coisas”, explorando o trabalho e promovendo a ignorância popular; e a “classe trabalhadora propriamente dita”, formada por operários, camponeses, artesãos e indígenas, “sujeita a um sistema de trabalho servil” vindo do “período escravista”, e que serve ao caudilho.
Como forma para se enfrentar este estado de coisas, Pío Tamayo – a partir de suas andanças, diálogos e lutas políticas – compreendeu a importância das massas na construção revolucionária, passando a defender como fundamental a estruturação de partidos populares com capacidade de mobilização popular. Denunciou o analfabetismo, o abuso e a exploração a que estão sujeitas as classes trabalhadoras, e também a sistemática prática de estrangulamento de quaisquer esforços de articulação política de viés social – especialmente comunista. Neste sentido, conclamou os estudantes e intelectuais, os camponeses e proletários a se insurgirem contra a sociedade desigual e violenta, sustentada pela coerção e repressão, que a burguesia tenta naturalizar. Por sua combatividade, foi perseguido e banido, preso e morto.
Jóvito Villalba (1908-1989), membro da generación venezolana de 1928 – grupo de estudantes que em 1929 organizou manifestações contra a ditadura –, salienta que Pío era uma pessoa culta, leitor constante e de refinada literatura, um militante que apresentou aos jovens venezuelanos Lênin, a revolução e a literatura russa.
Já Fernando Key Sánchez, um dos discípulos do marxista, testemunha que foi no cárcere – “mediante os ensinamentos de Pío Tamayo” e a leitura de livros revolucionários a que eles aí tiveram acesso –, que os estudantes da geração de 1928começaram a ter uma ideia mais nítida sobre o que era a “exploração capitalista e imperialista”. Com ele, entenderam a necessidade de se promover a “destruição do capitalismo e a construção do socialismo”, e aprenderam sobre as formas de “organização do proletariado para a conquista do poder”, passando então a refletir acerca dos “objetivos imediatos e vindouros de um Partido Comunista”.
Em se tratando de sua obra poética – inseparável da política –, Pío Tamayo buscou traduzir em versos seus ideais acerca do “porvir”: a revolução. Uma poesia vanguardista de enfrentamento e de defesa da cultura autóctone; de viés espiritual e ideológico, aspectos que juntos constituem sua proposta para o futuro revolucionário. Durante o cárcere, o poeta caracterizaria sua literatura como sendo de “emoção”: exercida como “parêntesis musical” para suportar a condição “desesperante”.
Contudo, conforme observa Freddy Castillo, estudioso da obra do marxista, “o Pío político é mais importante do que o escritor” – e se o “Pío de ideias comunistas” e “conhecedor do marxismo” foi omitido da historiografia durante muito tempo, a razão disto foi a conjuntura de repressão do país. Inclusive, em sua época de prisioneiro, Pío referiu-se ao coletivo Carpa Roja como sendo uma escola de “idealidade avançada” – evitando o termo “comunista”.
Pío Tamayo foi assim um marxista preocupado com os problemas concretos e urgentes enfrentados pelo povo latino-americano. Um intelectual-poeta militante, capaz de articular a literatura com temas sociais prementes: organização popular, formação da consciência de classe dos trabalhadores, anti-imperialismo, internacionalismo e construção revolucionária. Sua obra, porém, permanece pouco conhecida, o que se deve, entre outras coisas, ao processo hegemônico que tende a invisibilizar a tradição comunista, sobretudo periférica.
3 – Comentário sobre a obra
Tendo produzido sua obra no calor da luta, em meio a perseguições da ditadura, a viagens e na prisão, muito se perdeu dos escritos de Pío Tamayo. Seu trabalho político-jornalístico e literário – disperso em revistas e jornais de vários países, e parcialmente recolhido em antologias – se compõe de artigos, conferências, poemas, novelas, crítica literária e crônicas, além de correspondências.
Somente meio século após sua morte, Pío Tamayo teve seus principais escritos compilados, editados em três tomos. O primeiro – Un combate por la vida (Caracas: Cátedra Pío Tamayo/UCV, 1984), com organização de Mery Sananes, Agustín Blanco Muñoz, Clementina Tamayo e Jesús Mujica – traz a obra novelística, crítica, poética e as crônicas do marxista. O segundo tomo, Diario del floricultor – parte I (Caracas: CPT/UCV, 1986) contém a correspondência de Pío com sua mãe e com namorada e confidente Rosa Eloísa. Já o terceiro, Diario del floricultor – parte II (Caracas: CPT/UCV, 1986) reúne sua correspondência com os irmãos e demais companheiros e familiares.
Inicialmente, a vida literária de Pío se manifestou em publicações jornalísticas, mas a partir da criação do círculo literário El Tonel de Diógenes, o jovem autor começou a revelar sua riqueza poética e literária.
A novela El dolor de los granujas – escrita em 1922 (s./l.: s./e.), mas só publicada editorialmente sete décadas depois (El Tocuyo: Unión Editorial Gayón, 1998) –, em meio à narrativa literária, traz implícita uma crítica sociopolítica. A trama se passa em um cenário rural com produção açucareira (como o que ele viveu). Os protagonistas são típicos camponeses, morenos, indígenas, mestiços; um deles é filho de uma empregada com um proprietário de terras. O texto trata de conflitos econômicos, étnico-raciais e de gênero; da desigualdade social, influência religiosa, autoritarismo e repressão militar. Na voz de uma personagem, afirma: “Os pobres não devemos vir ao mundo”.
Logo que se foi da Venezuela, em Porto Rico escreveu crítica literária – dentre as quais “El paisaje y el paisajista de Puerto Rico” (mai. 1923), sobre Juan Rosado, artista original, livre de “fórmulas convencionais” e atento ao cenário natural do país. Escreveu também crônicas, das quais se destacam “La partida” (22/10/1922) e “La visión del terruño” (29/10/1922). Em ambas – incluídas em Un combate por la vida – fala com ternura de sua terra natal, do trabalho de seu povo, e da dificuldade de deixá-la. Conta das “lendas de rebeldia” que escutava em sua infância e o ensinaram sobre a “dignidade humana”; e que se partiu foi por compreender que era necessário “prosseguir a marcha”.
Entre 1922 e 1923, vivendo em Porto Rico e nos Estados Unidos, contribuiu com as revistas Bohemia e Venezuela Libre. Pouco se conhece sobre o conteúdo desses escritos, embora se dedicassem a fomentar a resistência à ditadura venezuelana.
Recém-chegado à capital cubana, ele conheceu o marxista e dirigente estudantil Julio Mella, então responsável pela Universidad Popular José Martí. Aí, Pío Tamayo ditaria a Conferencia en el Centro Obrero de La Habana (06/11/1923), em que tratou da situação dos trabalhadores e da tarefa revolucionária. Afirma que seu “hispano-americanismo” levava a que ele se considere como um “cidadão de qualquer nação do continente, do Rio Bravo à Patagônia”.
Entre 1925 e 1926, Pío escreveu a coleção de versos Canciones de 30 Amaneceres: y un balance de versos para un día 31, poemas que marcaram o início da série Amaneceres, que ele prosseguiria. Na apresentação da obra, escreve que se trata de um livro “de um proscrito que não quer chorar, para viver um dia de cada vez”; para viver “um infinito em cada data”, “uma ética em cada pedra”, “um continente percorrido” – “e sobretudo a inquietude que aumenta com a solidão”. Pío Tamayo inaugura com esta série as chamadas “novas estruturas”, com vistas a subverter o ambiente cultural da Venezuela gomecista – e “perfurar o céu”. São composições influenciadas pelos movimentos vanguardistas europeus e soviético com que teve contato em suas viagens marcadas pela agitação revolucionária e literária.
Incluído também na série Amaneceres, está o mencionado poema em que Pío dialoga com os estudantes, “Amanecer del estudiante” (jan. 1928). “Ser estudante é ser uma renovada urgência de abrir novos caminhos/ ansiedade juvenil dos povos que nascem/ grito vermelho do México e Moscou/ violões dedilhando os protestos dos pobres” – afirmam os versos –, é “um turbilhão arrebatado para a revolução”, “sede de fogueira e de infinito”. Termina conclamando aos jovens que “leiam Marx e Lênin”, que “duvidem um pouco de Spengler e de todos os filósofos”, e que “amem ao índio, ao escravo” – engajando-se em “sindicatos onde os trabalhadores fabricam o futuro”. Observa-se aqui o impacto que tiveram no poeta as revoluções mexicana e russa; bem como sua busca por transcender o plano estético tradicional e se aproximar a um tipo de poesia – como a experimentada desde os anos 1920 pelas “vanguardas” soviéticas – que envolvia questionamentos revolucionários filosóficos e políticos.
No início de 1926, havendo chegado em São José, escreveu carta à Federación de Estudiantes de Havana reiterando seu compromisso com o movimento de libertação da América Latina. Na correspondência de forte teor poético expressa sua solidariedade com a causa revolucionária, afirmando que ainda “há muito o que fazer ali, no campo do inimigo”, e que portanto iria “entrar nele” – embora soubesse que se o pegassem, seria fuzilado. Mas “não importa”, diz: “somos os devedores da humanidade”, de modo que “os quatro tiros que rompam meu peito serão as quatro rosas que a humanidade colocará como adorno sobre meu túmulo”.
Já em “Homenaje y demanda del indio”, recitado em 1928 no Teatro Municipal de Caracas, Pío Tamayo celebra a liberdade – despertando a desconfiança da ditadura que o vigiava e tinha informações sobre suas atividades no exterior. O poema ressalta a repressão sofrida pelos nativos e afirma o porvir de uma humanidade a ser construída – em um convite para que os estudantes se unam à resistência contra a ditadura. Na voz de um indígena, os versos afirmam a irmandade que o une aos estudantes, para então expressar a tristeza que ele, “índio”, traz do altiplano, pois que teve sua “noiva”, a “Liberdade”, roubada. Conclui afirmando: “prosseguirei em marcha”, pois com a força da juventude, “instala-se o porvir!” – tema retomado pelo músico argentino Atahualpa Yupanqui (1908-1992) em sua canção “Los hermanos”.
Ainda em 1928 foi publicada sua segunda novela, Charles Lindbergh llegó a Venezuela (Caracas: Litografía y Tipografía Vargas, 1928), que se esgotou rapidamente. Trata do aviador estadunidense que primeiro atravessou o Atlântico, em 1927 – o “conquistador dos céus”, na sugestiva imagem poética do autor –, e que visitaria no ano seguinte a Venezuela, a convite do ditador Gómez.
No longo período de seu cativeiro no castelo de Puerto Cabello (1928-1935), Pío Tamayo produziu vários escritos, dos quais poucos puderam ser preservados e chegaram a ser publicados. Dentre eles, destacamos alguns que denotam as principais preocupações do autor por estes tempos.
Em 21 de setembro de 1930, ele escreve uma correspondência a sua irmã – “Carta a Magdalena Tamayo” (25/11/2008) – em que afirma sua concepção de que um bom revolucionário deve ser principalmente um professor, um pedagogo, e que a Venezuela precisa de uma “geração pedagógica” para se tornar “livre”: um “berço de humanidade civilizada”. “Se queremos cumprir a missão revolucionária que a vida nos impõe e a consciência pede, devemos ser professores de escola”, e isto “na acepção mais ampla do termo”. A “verdadeira revolução” radica nesse gesto de forjar “a alma infantil”: nessa “forja de homens”. Devemos ser professores “na sala de aula, no jornal, no campo, nas cidades, nos povoados, dentro das fábricas e em meio aos salões”. Ser professor é ensinar para a criança o “livro didático”, mas também o conhecimento que desperta nela “a beleza, a justiça e o amor”.
Pouco depois, Pío escreve a conhecida “Carta a un amigo mío” (19/11/1930), correspondência-ensaio em que manifesta a necessidade de se criar um partido revolucionário no qual a classe trabalhadora tivesse protagonismo. Antes, caberia criar células políticas, escolas de revolução, e neste sentido os revolucionários deveriam se unir ao “grande grupo avançado” – isto é, a vanguarda do movimento estudantil –, para assim prepararem o trabalho de planejamento do “futuro”. Ressalta ainda que os que se ausentarem desta tarefa se tornarão “indivíduos isolados”, a serem “varridos pela nova corrente revolucionária que é em um só tempo destrutiva e construtiva”: “O futuro será nosso; dos que agarramos o porvir com as mãos para moldá-lo com as linhas das novas ciências e artes”.
Em seu poema-testamento – “Digo aquí mi testamento” (1932) –, dedicado à mãe, Pío Tamayo reivindica a “justiça” de suas ideias e atos. Acusa a “perseguição” dos tiranos, dizendo que eles acabarão por ser cobrados. E dedica as “ações” de sua vida à “revolução” – “que deu música a meus gostos”.
No mesmo ano, escreve a seu irmão – “Carta a Juan” (10 ago. 1932) –, ponderando que seu pensamento é o de “homens novos”; “novos” tanto em energia “para o trabalho rude” como na “orientação ideológica”; “novos” na “inquietude fecunda” que vem a se tornar “ação”. “Nossos filhos” – arremata – “colherão e farão multiplicar” estes frutos.
Em agosto de 1934, em mais uma carta a sua mãe, denuncia: “Morro assassinado por verdugos que assassinam também a Venezuela”; mas “a cada dia de cárcere, me preparo melhor” – com vistas ao “chamamento do futuro”.
Alguns meses após sua libertação, Pío Tamayo concedeu uma entrevista ao jornalista Carlos Zavarce (ago. 1935, dois meses antes de morrer), na qual relata que, após a soltura dos estudantes detidos junto com ele, o comandante do presídio foi substituído por um “autêntico verdugo” – e desde então a vida no cárcere foi um “purgatório”. Nesta situação “calamitosa” foi que se perdeu, levado pelos carcereiros, um estudo de “sociologia venezuelana” que Pío escrevia. Afirma que não guardava rancor ao ditador, pois que se sentia apenas como um “náufrago” diante de uma “força da natureza” – diante deste ser “irresponsável” e “inevitável”, uma “coisa” que não merece rancor.
Em 28 de setembro de 1935, desde Barquisimeto, onde viveu seus derradeiros dias, Pío escreve a seu irmão Toño aquela que seria sua última carta. Sabendo que sua saúde não lhe permitiria mais muito tempo, manifesta palavras como que de despedida. “Não há um ato do qual eu me arrependa” – diz ele – “segui as ordens da minha consciência e se alguma vez me equivoquei, há que se culpar a imperfeição humana, mas nunca a intenção”; “morro sereno e de acordo com a minha consciência”. Aconselha o irmão: “Cultiva sempre no rico terreno de teu espírito as qualidades nobres que te distinguem; foge das satisfações mesquinhas e viverás uma vida repleta de contentamento interior, que é o mais puro dos prazeres”.
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Notas
* Yuri Martins-Fontes é professor, escritor, tradutor e editor (Edit. Práxis Literária); bacharel em Filosofia e doutor em História Econômica (USP), tem pós-doutorados pela USP e PUC-SP; coordena o Núcleo Práxis-USP. Autor de, entre outras obras: Marx na América (S. Paulo, 2018) e Cantos dos infernos (S. Paulo, 2021).
* José Fernando Siqueira da Silva é professor da Universidade Estadual Paulista; graduado em Serviço Social (UNESP), tem mestrado e doutorado na mesma área pela PUC-SP, e pós-doutorados pela Univ. Nacional de La Plata (Argentina) e Univ. de la República (Uruguai); coordena o Grupo de Estudos e Pesq. Marxistas. Autor de, entre outras obras: Serviço Social, fundamentos e tendências teóricas (S. Paulo, 2023).
* Freddy Giovanni Esquivel Corella é professor da Universidad de Costa Rica; tem graduação e mestrado em Trabalho Social (UCR), doutorado em Educação (Universidad Estatal a Distancia de C. Rica) e pós-doutorado em Política Social (Unifesp). Autor de, entre outras obras: Introducción al Trabajo Social (San José: Edit. Univ. Costa Rica, 2007).
* Com edição de Ândrea Francine Batista e Pedro Rocha Curado, este artigo foi originalmente publicado no portal do Núcleo Práxis-USP, sendo um dos verbetes do Dicionário marxismo na América; permite-se sua reprodução, sem fins comerciais, desde que citada a fonte e que seu conteúdo não seja alterado. Sugestões e críticas são bem-vindas: nucleopraxis.usp.br@gmail.com / coordenacao@nucleopraxisusp.org.